A Câmara dos Deputados pode adiar votação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que trata de mudanças no sistema
político-eleitoral brasileiro e cria um fundo para financiamento público das
campanhas eleitorais. A votação estava prevista para a sessão deliberativa
desta tarde, mas por falta de acordo entre as lideranças pode ficar para amanhã
(23).
Se aprovada como está, a PEC 77 pode instituir no país o
modo majoritário de votação para os cargos de deputados para as eleições de
2018 e 2020 como uma transição para o modelo distrital misto a partir de 2022.
O chamado “distritão”, como ficou conhecido, permite que os
candidatos mais votados ganhem as eleições. Por este sistema, cada estado vira
um distrito, no qual as vagas disponíveis nas câmaras e assembleias
legislativas são preenchidas pelos candidatos mais votados, sem considerar a
proporcionalidade do total de votos recebidos pelos partidos e coligações,
assim como ocorre com a escolha de prefeitos, governadores e presidente da
República.
Já pelo distrital misto, o eleitor vota duas vezes: uma no
candidato do distrito e outra em uma lista preordenada pelo partido. O
resultado sai do cálculo entre os resultados da votação majoritária no distrito
e na escolha proporcional no partido.
Como ainda não há acordo em torno dessa proposta, o relator
da reforma política na Casa, deputado Vicente Cândido (PT-SP), disse que alguns
deputados querem votar ainda hoje a PEC 282/16, que propõe o fim das coligações
partidárias.
No entanto, a PEC 282 ainda está em fase de comissão, que
tem reunião marcada para hoje à tarde. A ideia é aprovar na comissão especial a
proposta mais simples e que tem mais consenso e encaminhá-la imediatamente ao
plenário para ser apreciada ainda hoje.
Divergências
Enquanto isso, os parlamentares tentam encontrar um
entendimento em torno da PEC 77. Mais cedo, Cândido sinalizou que estava
confiante sobre o distritão misto como transição em 2018, mas depois de se
encontrar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e alguns líderes
partidários, Cândido recuou e admitiu que é possível que a PEC não seja votada
hoje.
Segundo o deputado, novas propostas surgiram e está difícil
fechar um acordo. Ele explicou que há uma divergência em torno da questão do
fundo de financiamento público e do sistema de transição em 2018. Os defensores
do chamado “distritão” querem vincular a aprovação do fundo ao sistema
majoritário.
O relator adiantou que o “distritão”, defendido
principalmente por partidos da base governista, tem por enquanto 285 votos,
número ainda insuficiente para autorizar uma mudança constitucional. Nem a
proposta de “distritão misto” ainda tem maioria de votos. Já os partidos de
oposição querem a manutenção do sistema atual para as eleições de 2018 e 2020,
antes da adoção definitiva do voto distrital misto em 2022.
Para que o sistema seja alterado, é preciso que a proposta
tenha pelo menos 308 votos entre os 513 deputados. Além de atrasar a votação, o
impasse pode inviabilizar a aprovação de um novo sistema.
Fim das coligações
A comissão especial que analisa a PEC 282/2016, que propõe o
fim das coligações partidárias para eleições proporcionais, estabelece normas
sobre fidelidade partidária e acesso dos partidos políticos aos recursos do
fundo partidário.
A proposta em discussão na tarde de hoje (22) tem como
relatora a deputada Sheridan (PSDB-RR), que prevê, em seu substitutivo, a formação
da federação de partidos que tenham o mesmo programa ideológico no lugar das
coligações partidárias que vigoram atualmente nas eleições proporcionais.
O substitutivo estabelece ainda que não há obrigatoriedade
de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal. Outro ponto que Sheridan incorporou na proposta foi a perda do
mandato em caso de desfiliação partidária, inclusive para suplentes e
detentores dos cargos de vice-presidente, vice-governador ou vice-prefeito.
Cláusula de desempenho
De acordo com o substitutivo elaborado pela deputada, a
partir de 2030, somente os partidos que obtiverem no mínimo 3% dos votos
válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos estados, terão direito aos
recursos do Fundo Partidário. Para terem acesso ao benefício, os partidos
também deverão ter elegido pelo menos 18 deputados distribuídos em pelo menos
um terço dos estados.
O mesmo critério será adotado para definir o acesso dos
partidos à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. A mudança, no
entanto, será gradual, começando pelo piso de 1,5% dos votos válidos nas
eleições de 2018, chegando a 2%, em 2022, a 2,5% em 2026, até alcançar o índice
permanente de 3% em 2030.
A expectativa é que as duas comissões encerrem as discussões
e comecem o processo de votação de seus projetos ainda esta semana. Para que as
mudanças sejam válidas para as eleições do ano que vem, devem ser aprovadas em
dois turnos pelos plenários da Câmara e do Senado até 7 de outubro.
Agência Brasil
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Mateus 7
1-Não julgueis, para que não sejais julgados. 2-Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós. …