O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nessa
segunda-feira (21) que vai aumentar a autonomia do exército
norte-americano para tomar decisões com relação ao conflito no
Afeganistão. “A microgestão a partir de Washington não é capaz de ganhar
guerras”, disse o presidente em um discurso para membros das Forças
Armadas. Trump afirmou que já retirou algumas das restrições colocadas
por governos anteriores que impediam que o secretário de Defesa e os
comandantes pudessem tomar decisões rápidas.
“Meu primeiro
instinto era sair”, disse Trump, em uma referência ao seu ceticismo com
relação à participação dos Estados Unidos na guerra do Afeganistão e à
dificuldade de colocar fim ao conflito. Logo depois de tomar posse, em
janeiro, o presidente anunciou que iria revisar a estratégia militar
para o confronto. Durante o discurso de hoje, ele afirmou que após tomar
posse, reviu suas ideias.
Para o presidente, as consequências de
uma saída rápida são previsíveis e inaceitáveis. “Uma retirada
apressada iria criar um vácuo que os terroristas – incluindo o Estado
Islâmico e a Al Qaeda – preencheriam instantaneamente, assim como
ocorreu durante o 11 de setembro”, disse Trump. O secretário de Defesa,
Jim Mattis, defende que a presença norte-americana no Afeganistão é
necessária para proteger os Estados Unidos e seus aliados do terrorismo.
Trump
havia concordado em enviar mais tropas ao país. Durante o discurso de
hoje, o presidente também criticou Obama por ter saído do Iraque em 2011
e disse que a retirada criou um vácuo de poder que permitiu que o
Estado Islâmico se espalhasse e crescesse. “Não podemos repetir no
Afeganistão o mesmo erro que cometemos no Iraque”.
Mudança de abordagem
O
presidente afirmou que o pilar da sua nova estratégia será mudar de uma
abordagem baseada em cronogramas para uma baseada em condições. “Eu
disse muitas vezes o quão contraproducente é para os Estados Unidos
anunciarem as datas que vão começar ou terminar as operações militares.
Nós não vamos falar sobre número de tropas ou planos para mais
atividades militares”, disse Trump. Havia expectativa de que ele
anunciasse hoje o incremento de 4.000 tropas solicitadas pelo secretário
de Defesa.
“As condições no terreno, e não um calendário” irão
ditar as próximas ações do país, segundo o discurso presidencial. “Eu
não vou dizer quando nós vamos atacar, mas nós vamos atacar”, garantiu, e
já colocou uma primeira condição: os Estados Unidos continuarão a
apoiar o governo afegão se ele continuar a combater os terroristas. “A
América vai trabalhar com o governo do Afeganistão, contanto que
possamos ver determinação e progresso. No entanto, nosso compromisso não
é irrestrito e nosso apoio não é um cheque em branco”.
Paquistão
Outro
pilar da nova estratégia, segundo o presidente, é mudar a abordagem
para o Paquistão. “Nós não podemos mais nos silenciar sobre os
santuários para organizações terroristas no Paquistão, para o Talibã, e
outros grupos que são uma ameaça para região e para além dela. O
Paquistão tem muito a ganhar ao se aliar com os nossos esforços no
Afeganistão. E tem muito a perder continuando a proteger terroristas”.
O
porta-voz do exército do Paquistão, Asif Ghafoor, havia dito nesta
segunda-feira que o país está atuando contra os militantes islâmicos,
incluindo a rede Haqqani, aliada dos talibãs afegãos. “Não há
esconderijos de terroristas no Paquistão”, afirmou o porta-voz em uma
coletiva para jornalistas em Islamabad.
Entre os pontos altos do
discurso, Trump também reiterou que o objetivo dos Estados Unidos não é
impor a visão norte-americana ao mundo. “Nós não estamos pedindo aos
outros que alterem seus modos de vida”, garantiu. “Nós não vamos mais
usar as Forças Armadas norte-americanas para construir democracias em
terras distantes, ou tentar construir outros países à nossa imagem –
esses dias acabaram”.
História
A guerra
do Afeganistão é a mais longa da história dos Estados Unidos.
Atualmente, 8.400 tropas norte-americanas estão no país. Em 2001, uma
coalizão liderada pelos norte-americanos invadiu o Afeganistão, durante o
governo de George W. Bush, e derrubou o governo islamista do Talibã por
ter protegido militantes da Al Qaeda que planejaram os atentados
terroristas de 11 de setembro em Nova Iorque e Washington. O conflito se
arrastou ao longo do governo de Barack Obama até hoje.
As forças
de segurança do Afeganistão têm enfrentado dificuldades para impedir os
avanços do Talibã. Durante o governo Obama, o presidente anunciou que
iria aumentar as tropas norte-americanas no país para reverter os ganhos
do grupo, depois anunciou que iria diminuir, mas acabou não realizando o
plano por completo.
Protestos
Trump
iniciou o discurso de hoje fazendo uma referência não explícita ao
conflito racial que vem acirrando tensões no país ao longo dos últimos
dez dias, desde que uma passeata em Charlottesville no dia 12 de agosto
contra a retirada de uma estátua em homenagem a um líder confederado
levou ao embate entre grupos de ideologias opostos – um deles incluía
participantes neonazistas e supremacistas brancos.
“O amor pela
América requer amor por todos que fazem parte do seu povo. Nós não
podemos continuar a ser uma força pela paz no mundo se não estivermos em
paz com nós mesmos”, afirmou. Trump foi criticado por ter dito que, em
Charlottesville, tanto manifestantes de extrema direita quanto seus
oponentes foram responsáveis pela violência. Durante os protestos, uma
mulher de 32 anos morreu atropelada por um jovem que já havia
manifestado opiniões neonazistas durante a adolescência.
Agência Brasil
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Mateus 7
1-Não julgueis, para que não sejais julgados. 2-Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós. …