Depois do aumento significativo do número de crianças com microcefalia, que passou de 147 no ano passado para 1.248 este ano,
um grupo de mães do Facebook resolveu criar a campanha informativa "Eu
Amo Alguém com Microcefalia". Segundo Lucélia Freitas, mãe de Crystian,
de 13 anos, que tem microcefalia, “as pessoas começaram a falar como se
fosse contagiosa, de forma depreciativa, sem saber do que se trata e
isso magoa as famílias de quem tem alguém especial”
Lucélia disse
que a ideia da campanha é divulgar informações pelas redes sociais
sobre essa malformação, que pode surgir durante a gestação e também
depois do nascimento. Além disso, as organizadoras querem dar suporte às
famílias que estão recebendo o diagnóstico.
As causas são as
mais variadas, podem ser desde alterações genéticas a infecções, como as
causadas por citomegalovírus e por toxoplasmose, e o uso de álcool e
drogas durante a gravidez. No último sábado (28), o Ministério da Saúde confirmou que os novos diagnósticos estão relacionados à infecção das gestantes pelo vírus zika, que começou a circular no Brasil este ano, relação inédita na literatura médica de todo o mundo.
“A
microcefalia, que é quando a pessoa tem a cabeça pequena, é um sinal.
Precisamos ir atrás do que causou”, afirmou a neuropediatra Vanessa Van
der Linden, do Hospital Barão de Lucena e presidente da Associação de
Assistência à Criança Deficiente, ambos no Recife, em entrevista à Agência Brasil.
O
recém-nascido deve ter pelo menos 33 centímetros de perímetro cefálico,
medida feita em volta da cabeça, na área logo acima dos olhos. Quando
essa medida não ultrapassa os 32 centímetros, a medicina considera um
caso de microcefalia.
De acordo com a especialista, os novos
casos que surgiram em Pernambuco tinham sinais parecidos com os causados
por agentes infecciosos, porém, ao serem examinados para toxoplasmose e
citomegalovírus, os agentes mais comuns, o resultado era negativo. “A
relação com o zika veio quando percebemos que as mães citaram exantema
(manchas vermelhas) durante a gravidez”, relatou a médica que, ao
perceber o aumento de casos, acionou o governo do estado.
Vanessa
contou que as crianças serão acompanhadas por especialistas, com
avaliação visual, cardíaca e auditiva, para ver o que vem junto desses
novos casos. “É uma doença nova,
temos que avaliar. Por exemplo, citomegalovírus dá muita deficiência
auditiva, que às vezes aparece até o fim do primeiro ano do bebê. Esses
casos são totalmente novos no mundo e a avaliação tem que ser contínua
para ver o que vem junto [da microcefalia].
Com inúmeros fatores
causadores, a microcefalia não tem um padrão de sequelas. Alguns
conseguem ter vida normal, outros não conseguem andar ou falar e são
muitos os que têm comprometimento mental. Há ainda casos que vêm
acompanhados de cegueira, catarata, surdez, problemas cardíacos, no
aparelho digestivo e epilepsia. Em muitos casos, o acompanhamento de
especialistas, com fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e
neurologistas, pode diminuir as consequências da malformação, mas os
estímulos têm que ser feitos o quanto antes.
Dedicação
Totalmente
dedicada a cuidar do filho, Lucélia descobriu a microcefalia quando
Crystian tinha seis meses. A malformação foi decorrente de uma paralisia
cerebral na hora do parto. “A primeira reação foi não aceitar, me
desesperar porque eu não sabia o que fazer. Em seguida, fiquei pensando
que um remédio poderia curar, que ia passar, mas logo depois vem a
realidade: ele precisa de mim. Depois de procurar especialistas e ter
contato com outras pessoas, vi como podia cuidar do meu filho da melhor
forma”.
Hoje, aos 13 anos, Crystian não fala e nem caminha, mas o
laço entre ele e a família fez com que todos se entendessem. “Ele, o
seu sorriso, a alegria, tudo isso me dá força para continuar”, contou
emocionada a mãe. Segundo ela, os melhores momentos para o filho são
ouvir música e assistir televisão com a avó. “Ele só gosta de música
boa, curte Marisa Monte, Caetano Veloso, e se sente confortável ouvindo o
que gosta. Na TV, morre de rir vendo o Ratinho”, disse Lucélia, que
deixou o trabalho de monitora de creche, assim que Crystian foi
diagnosticado, para se dedicar integralmente a ele.
Quando está
com fome, quer ir ao banheiro ou sente alguma dor, o garoto se manifesta
com expressões corporais. “A gente entende”, disse Lucélia, que mora na
Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal.
Nanny
Costa, que mora em Valparaíso de Goiás, cidade situada no entorno do
Distrito Federal, também soube que a filha Beatriz tem microcefalia
meses depois do nascimento. ”Tive gravidez normal, ela nasceu bem, só
quando tinha dois meses me disseram que o perímetro cefálico era um
pouquinho menor”, relatou a mãe. Agora, aos 9 anos, Bia não tem o
diagnóstico do que causou a malformação no cérebro. “Ela ainda não anda,
não fala, mas vai fazer tudo no tempo dela. Minha filha é perfeita e
muito amada”.
Nanny disse que se encontrasse com a mãe de um bebê
diagnosticado com microcefalia, iria falar do quanto ama sua filha, que
ela não se desespere e tenha foco no cuidado. “Ela adora ver desenhos,
vai para a escola e tem os amiguinhos que a apoiam”, relatou.
Tanto
Lucélia quanto Nanny estão usando a internet para dar apoio às
gestantes que terão filhos com a malformação. “Eu tive muito apoio de
mães de crianças especiais, agora estou no grupo do Face [Pais de
crianças com microcefalia, síndromes e outras deficiências] para ajudar
quem está entrando nesse mundo. A união de pessoas na mesma situação
ajuda muito”, ressaltou Lucélia.
Aline Leal - Repórter da Agência Brasil
Polêmica - Sesc emite
justificativa sobre espetáculo em que artistas exploram o ânus uns dos outros.
Terça-feira, 01 de novembro de 2015 – Postado por Elismar
Rodrigues
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1-Não julgueis, para que não sejais julgados. 2-Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós. …