Mariana
(MG) - Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento
Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais (Corpo de Bombeiros/MG
- Divulgação)
Poucas
ruas e casas do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG),
resistiram ao rompimento de duas barragens da mineradora Samarco na
última quinta-feira (5). Em meio ao cenário de muita lama, barro e
destruição, o que restou lembra uma cidade fantasma. É possível escutar,
em meio à desolação, apenas o canto dos pássaros e o barulho das
máquinas que abrem acesso para as equipes de resgate.
Na parte
alta da comunidade, uma das poucas casas com movimentação é a de
Edirleia Marques, 38 anos, e Marcílio Ferreira, 41 anos. A dona de casa e
o operador de máquinas moravam na região com os dois filhos, de 10 e 2
anos, e tem voltado ao local desde sexta-feira (6) para auxiliar
bombeiros e homens da Defesa Civil e do Exército nas buscas.
A
antiga moradia do casal agora funciona como um ponto de apoio para as
equipes que trabalham em Bento Rodrigues. Numa rápida volta pela
residência, é possível ver um velotrol e um cavalinho de madeira do
filho caçula. Na sala, o sofá e a televisão permanecem no mesmo lugar
onde foram deixados, assim como a mesa de seis lugares da família.
Há
pelo menos três dias, Edirleia e Marcílio ajudam os homens do resgate a
se localizar no que restou da comunidade. Na memória de cada um,
permanece fresca a lembrança de onde viviam vizinhos e moradores do
distrito que seguem desaparecidos. "É ruim ir embora. A gente quer
acreditar que está tudo como antes. Ainda me sinto confortável aqui",
contou Edirleia.
No momento em que a lama atingiu Bento
Rodrigues, os filhos do casal estavam em casa. A mãe estava na parte
mais baixa da comunidade, devastada pela lama e pelo barro, mas voltou
correndo para retirar a família do local. "Meu filho mais novo me
pergunta muito sobre a casa. Já o mais velho, que sempre foi calado, não
fala muito. Mas ele viu a coisa toda. Viu as casas sumindo, as pessoas
correndo", lembrou a mãe.
Apesar do trauma, marido e mulher
garantem que estarão de volta à casa nos próximos dias para auxiliar as
equipes de resgate - e também numa tentativa de se apegar ao local onde
nasceram, cresceram, se conheceram e começaram uma família. De mãos
dadas, eles caminhavam pelas ruas e observavam em silêncio a devastação
que tomou conta do local.
"Vamos voltar sempre que possível.
Quero estar aqui de novo no dia seguinte. É muito difícil sair de um
lugar onde a gente se sentia tão bem", disse Marcílio, em um dos poucos
momentos em que conversou com a equipe de reportagem.
Paula Laboissière - Enviada Especial da Agência Brasil
Segunda-feira, 09 de novembro de 2015 – Postado por Elismar Rodrigues
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