
Secretário
de Educação Básica do MEC, Manuel Palacios, avalia que a discussão de
uma Base Nacional Comum Curricular vai trazer resultados importantes
para melhorar a qualidade da educação no país
Até
o ano que vem, o Brasil deverá decidir o que as crianças e os jovens
devem aprender em cada etapa do ensino básico, que vai da educação
infantil ao ensino médio. A definição da Base Nacional Comum Curricular
está prevista em lei, no Plano Nacional de Educação (PNE). Uma primeira
proposta está disponível na internet para críticas e contribuições.
Após
a conclusão, o documento será o responsável por reformular e determinar
o currículo mínimo para todos os alunos das escolas de educação básica
do país.
O secretário de Educação Básica do Ministério da
Educação (MEC), Manuel Palacios, afirma que a definição de objetivos de
aprendizagem é algo inédito no país e deverá mexer tanto com as
avaliações, como a Prova Brasil, quanto com os livros didáticos e a
formação dos professores. “Eu acho que vai trazer grandes resultados”,
defende.
O MEC é responsável por coordenar esse processo que
envolve pesquisadores, professores, estados, municípios, entidades de
educação, alunos e pais. A intenção é que os conteúdos definidos na Base
Curricular ocupem 60% da carga horária dos estudantes. No restante do
tempo, as próprias redes de ensino poderão definir o que ofertar – desde
conteúdos regionais, atividades extras a formação técnica, por exemplo.
Para
divulgar ainda mais esse processo, o MEC instituiu o 1º de dezembro
como Dia Nacional da Base. As propostas feitas até o dia 15 do próximo
mês serão sistematizadas e uma segunda versão do documento deverá estar
disponível até março do ano que vem. A Base Nacional Comum Curricular
será debatida em seminários nos 26 estados e no Distrito Federal, antes
de ser finalizada.
Leia os principais trechos da entrevista concedida à Agência Brasil:
Agência Brasil: O que uma Base Nacional Comum Curricular vai trazer para o Brasil?
Manuel Palacios:
Eu acho que ela vai trazer grandes resultados. Para começar, é uma
discussão só educacional, a gente discute muito as condições para que a
educação tenha qualidade, mas o que significa uma educação de qualidade?
A gente gasta pouco tempo com esse debate. É um debate que chama os
educadores para discutir a sua atividade, o objetivo daquilo que fazem.
Agência Brasil: O que esse debate tem trazido?
Palacios: Quando
você começa a discutir a Base, começa a ver também o quanto precisamos
avançar, o quanto certas áreas são obscuras e não conseguimos dizer com
clareza quais objetivos se quer alcançar. Quanto mais clareza houver,
mais será possível ter esforços coletivos para realizar esses objetivos.
Se o professor que está em sala de aula não tem clareza de quais
objetivos alcançar, se os professores que formam professores não têm
clareza sobre quais objetivos os profissionais estão buscando alcançar
em cada sala de aula, como vamos conseguir resultados melhores? É muito
difícil.
Agência Brasil: O documento atual foi
alvo de diversas críticas, entre elas, o excesso de conteúdos em algumas
áreas e a falta em outras, como a ausência de gramática.
Palacios: Essa
é uma proposta preliminar de Base Nacional Comum, a intenção é que o
debate seja capaz de alterar esse documento preliminar. Há alguns
componentes curriculares em que há excesso de objetivos, é preciso
encontrar uma versão mais sintética. Em outros casos, seria necessário
uma integração mais expressiva com outros componentes curriculares. Os
próprios apoiadores da proposta preliminar são agora os primeiros
críticos e querem encontrar soluções mais adequadas. Mas até aqui não
houve, de forma muito contrastante, opiniões que não encontrassem forma
de entendimento. O tema da gramática, a própria comissão que trabalhou
na área de língua portuguesa entende que tem que melhorar as referências
de domínio da estrutura da linguagem.
Agência Brasil: Quando a Base começará a ser de fato implementada?
Palacios:
Em um primeiro momento, há a implementação nos entes federados. Mas
também as avaliações precisam se adequar à Base. A expectativa que se
tem é que as avaliações, a partir de 2018, já reflitam a Base. Os livros
didáticos são produzidos com muita antecedência. Acho que 2019 é um
horizonte razoável para que o livro tenha os conteúdos definidos pela
Base Nacional. São duas políticas que são afetadas diretamente pela
Base. Outra é a formação de professores. É interessante que a Base gere
como consequência uma proposta de reformulação curricular das
licenciaturas, é isso o que a gente quer.
Agência Brasil: Como está a participação?
Palacios: No
início do mês, o portal tinha 45 mil cadastros, entre indivíduos e
organizações, 120 mil usuários, 1,5 milhão de páginas visitadas. Tem
também iniciativas nos estados. Acho que o debate está pegando. Em um
debate com especialistas eu estava falando que ninguém controla o
resultado final. Se tiver um ambiente dominado por desconfianças,
ninguém vai junto a lugar nenhum. Uma coisa é reconhecer as
dificuldades, os obstáculos no caminho, mas se dispor a reconhecer esse
caminho com os outros. E essa discussão não termina porque se decidiu
que a Base vai ter tal ou qual formato. Imagino que daqui a alguns anos,
vamos reformar essa Base. O fato de ter uma norma escrita curricular
vai permitir também que todo mundo a critique.
Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil
Terça-feira, 17 de novembro de 2015 - Postado por Elismar Rodrigues
Gostou do conteúdo? Compartilhe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Mateus 7
1-Não julgueis, para que não sejais julgados. 2-Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós. …