A dor viva, de carne e osso... pulsando vida e dor ao lado dela. O sentimento de perda, sem de fato ter sofrido a perda. Assim vive Dona Graça, 50 anos, mãe de Nil Costa, um jovem de 25 anos, fanático por moto e quase levado por uma ao se jogar contra um cavalo no meio da estrada. Um ano depois do acidente, Nil está vivo. Dona Graça vive e morre um pouquinho a cada dia. Sofre pelo que o filho era e deixou de ser. Sofre por não ter separado Nil da moto. Revive na esperança e na luta de recuperá-lo. A velocidade tirou muito de Nil. O rapaz forte e bonito, dançarino e professor de break dance e zumba, voltou a ser criança.
– Minha vida mudou em tudo, tudo. Do dia 25 de maio de 2014 até hoje vivo só para Nil. Não tenho mais vida própria. Deixei tudo. Só vivo para ele. Aonde vai, tenho que ir junto. Se está dormindo, estou ao lado. Tenho medo que aconteça alguma coisa e não consiga chegar onde estou. Não consegue e não pode sair sozinho. Perdeu a percepção do lado esquerdo. É doloroso ver um filho que tinha tudo pela frente e, de repente, por causa de uma moto, a vida parou. Ver um rapaz tão ativo quase morrer."
– A dor de Dona Graça não pode ser comparada às dores das mães que enterram seus filhos. São dores incomparáveis. Fortes e solitárias. Dona Graça sabe disso. Mas grita: dói... e dói todo dia.
– Nem sei se minha dor é menor por ele estar vivo... às vezes eu vejo as coisas que ele gostava de usar, de fazer, e vejo que para ele tanto faz. Dói muito... é uma dor ver que seu filho gostava de sair, de se divertir, de se arrumar, e saber que hoje sou eu quem faço tudo para ele... É muito triste. Nil faz o que eu gosto, não o que gostava de fazer" – diz a mãe.

No dia em que quase morreu a velocidade era sua companheira. Voltava à noite de Araripina para Ouricuri, no Sertão do Araripe pernambucano – a região mais violenta do Estado em acidentes de moto –, quando resolveu fazer o que mais gostava: correr. Estava feliz. Ele e os companheiros tinham ganho o jogo de basquete. Fazia sucesso com a zumba, a dance break (sua favorita) e com o basquete.
Distanciou-se do grupo. Um cavalo atravessa a BR-316. Nil e o animal quase viram um só. Nil apagou, o cavalo morreu. A memória do jovem esportista se foi também. Não lembra de mais nada desde que acelerou a moto. Foram 17 dias numa UTI e 14 dias na enfermaria, em Petrolina. Há pouco mais de um ano luta para renascer. Dona Graça sempre ao lado.
– Nil chegou a ser desacreditado. O médico disse que ele não passava dessa situação. Que poderia ficar um pouco desequilibrado, que se a família não fosse forte, poderia ficar na rua, pegando lixo, andando por aí. Que talvez a gente não pudesse dominá-lo porque ficaria muito agressivo. Naquele dia eu quis um buraco para ter entrado. Até hoje aquela afirmação está dento de mim... não esqueço...” – diz.

– Nil sempre andou de moto, gostou de moto. Desde os 12 andava por aí. Era tudo para ele. Se fosse na esquina tinha que ir de moto. A gente não queria a moto. Meu marido disse que ia dar uma casa para cada um dos filhos homens, mas Nil quis a moto para o trabalho. Depois nos arrependemos porque ele gostava muito de correr. Eu reclamava, mas ele dizia que estava com Deus. Até os professores, os patrões, diziam que ele corria muito..."
– Mas Nil ria, apenas ria. Achou que nunca podia acontecer isso com ele. O acidente foi provocado pela velocidade. O cavalo surgiu, mas foi a velocidade que provocou tudo.
– Talvez, se ele estivesse devagar, as sequelas fossem menores. A gente se sente culpado sim, mas os pais sempre querem fazer o gosto, sempre querem ajeitar..."
Filhos da dor, Especial Jornal do Commercio
Sexta, 28 de agosto de 2015 – Postado por Elismar Rodrigues
Achei a matéria muito opressiva, já que se trata de uma pessoa que está viva, que tem uma vida ativa em redes sociais, sabe ler e tem, com muito esforço, tentado voltar às suas atividades.
ResponderExcluirAcho que se ele ler, de nada lhe acrescentará uma matéria, que fala que ele voltou a ser criança, e que pra sua mãe é como se morresse todo dia. Claro que pra Graça muita coisa mudou, muitas adaptações foram feitas... mas Nil é vitorioso, graças a DEUS, graças a essa mãe e a ele mesmo pois é mérito dele, que tem se esforçado. Eu particularmente tomei um susto com o título da mensagem ... muito mal elaborada e sem noção, já que o rapaz citado pode vir a ler, essa matéria!
Achei infez, e se o conteúdo é algo para fazer com que os jovens reflitam sobre os riscos da velocidade e o perigo que ela trás. Vocês não poderiam esquecer de que o rapaz citado está vivo graças a Deus, e que a postagem que o menciona desmerece todo o esforço que ele vem tendo.
Concordo plenamente com a Patrícia! Tudo deve ser levado em conta! E afinal ele esta vivo e isso é o mais importante, até porque a luta dele não deve ser diminuída pelo que se fala ou se acha! A vida pede carinho, amor e fé! O que importa agora é ajuda-lo a ser feliz e pronto! Toda gloria e honra para sua mae
ResponderExcluirConcordo plenamente com a Patrícia! Tudo deve ser levado em conta! E afinal ele esta vivo e isso é o mais importante, até porque a luta dele não deve ser diminuída pelo que se fala ou se acha! A vida pede carinho, amor e fé! O que importa agora é ajuda-lo a ser feliz e pronto! Toda gloria e honra para sua mae
ResponderExcluirTambém achei estranho, Patrícia, o título da matéria, uma vez que meu vizinho está a todo vapor na sua recuperação. No entanto, um dos objetivos desse blog é divulgar principalmente conteúdos relacionados à Ouricuri.
ResponderExcluirComo mostra no final do texto, a matéria é do Jornal do Comercio, e a julgar pelas fotos e vídeo da mãe relatando os fatos, acredito que houve autorização dos responsáveis para que a matéria fosse publicada da forma como está.