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05 janeiro 2015

O homem que criava sucessos


Há 100 anos nascia Humberto Teixeira, intérprete do sertanejo.
Compositor deixou legado para além da parceria com Luiz Gonzaga
 Marina Suassuna, da Folha de Pernambuco

Ao lado de Gonzaga (D), ganhou ainda mais reconhecimento

Compositores geralmente estiveram à sombra de seus intérpretes, colocando-se como criadores invisíveis e coadujvantes. Com Humberto Teixeira não foi diferente até conhecer Luiz Gonzaga, em 1945. Na época, o cearense de Iguatu que, nesta segunda-feira (5), completaria 100 anos se fosse vivo, já era autor de uma obra musical respeitada, mas ainda assim, desconhecido do grande público. Havia composto valsas, modinhas e samba-canções, além de ter vencido um concurso de músicas carnavalescas. No entanto, foi a parceria com o Rei do Baião que fez Humberto Teixeira despontar como um dos maiores compositores de toda a história da música popular brasileira, graças a sucessos como "Asa Branca", "Assum Preto", "Qui nem jiló", "Paraíba" e "Respeita, Januário".

“Humberto era pólvora e o canhão era Gonzaga. Juntos eles explodiram”, disse espirituosamente o cantor Otto no documentário “O homem que engarrafava nuvens” (2010), dirigido por Lírio Ferreira. Era a primeira vez que alguém lançava um olhar cinematográfico sobre a vida e obra daquele que, junto com Luiz Gonzaga, colocou a música nordestina, em especial o baião, no mundo. Ainda assim, o nome de Humberto Teixeira era ofuscado pelo seu principal intérprete, algo que parecia não lhe incomodar.


"É uma coisa natural da música. Quem está na frente do microfone e sobe no palco quase sempre acaba assumindo a autoria total da obra. Jamais iria botar o nome de Humberto Teixeira no título do filme porque ninguém ia saber quem era. Mas a minha ideia desde o início era jogar luz sobre a pessoa que está por trás das músicas de Luiz Gonzaga. Alguém que tanto contribuiu para a construção de uma identidade brasileira e quase ninguém conhece", justificou, Lírio Ferreira, ao lançar o filme.

                       Divulgação
Deputado criou a Lei Humberto Teixeira, que divulgava a música brasileira no exterior
Sobrinho do maestro cearense Lafaiete Teixeira, Humberto Teixeira demonstrou aptidão para a música desde cedo, compondo ainda adolescente e se aperfeiçoando em instrumentos como flauta e bandolim. Como boa parte dos brasileiros na década de 1930, imigrou para o Rio de Janeiro aos 16 anos, onde se formou na Faculdade Nacional de Direito. Como advogado, lutou pela proteção de direitos autorais dos artistas do Brasil. Também deu sua contribuição à política cultura do país quando eleito deputado pelo Ceará, em 1954.

No cargo, Teixeira foi responsável pela única lei destinada a estimular a divulgação da música brasileira no exterior, conhecida como Lei Humberto Teixeira. A iniciativa potencializou ainda mais a difusão do baião, que começara anos antes, quando ele e Luiz Gonzaga escolheram o gênero como principal cartão de visita na divulgação dos ritmos do Nordeste.

"Quando assisti show de Luiz Gonzaga, eu não fazia ideia da existência de Humberto Teixeira. Após a experiência com o filme, o que mais me impressionou foi a profundidade de sua obra, influenciando toda a história da música no mundo. O fato de ter chegado no Japão, ter sido gravado por Elvis Presley, todo esse processo de internacionalização. A partir do momento que Luiz Gonzaga cantava, ele colocava uma autoria de interpretação. Mas a verdade é que por trás do intérprete, havia uma sombra que ascendia", disse Lírio Ferreira em entrevista à Folha de Pernambuco.

Ao substituir os instrumentos originais, viola, pandeiro, botijão e rabeca, por acordeom, triângulo e zabumba, a dupla propôs uma revolução na música brasileira que caiu no gosto popular, ganhando uma dimensão atípica. Nomes como Yves Montand e Carmem Miranda passaram a cantar baião. Era comum ouvir o ritmo nordestino nos filmes italianos.

Para Gilberto Gil, o baião é, depois do samba, uma das grandes famílias reais da música brasileira. De Luiz Gonzaga, Teixeira ganhou a alcunha de "doutor do baião", sobretudo pela formação acadêmica e intelectual. O compositor faleceu em 1979, aos 64 anos, de enfarte de miocárdio, em São Conrado, no Rio de Janeiro.

Curiosidades
"Asa Branca"
Uma das músicas mais gravadas do cancioneiro popular brasileiro, tendo recebido interpretação de Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Elba Ramalho, Maria Bethânia, Dominguinhos, Ney Matogrosso, entre outros. Ainda hoje, continua sendo cantada por artistas mais jovens.

"Assum Preto" 
Regravada por Gal Costa, é tida como uma das composições mais tristes e profundas de Humberto Teixeira, que retrata a cegueira humana através do pássaro assum preto que tinha os olhos furados para cantar melhor. Rica em metáforas, é uma das letras que melhor retraram a linguagem peculiar do sertanejo.

"Respeita, Januário" 
Inspirada na frase “Luiz, respeita Januário!”, dita por um sertanejo após Luiz Gonzaga voltar ao sertão de Exu exibindo uma sanfona prateada de 120 baixos. Até então, o pai do Rei do Baião, Januário, era o mais respeitado e conhecido sanfoneiro de sua terra natal.

Saiba mais
Reconhecimento - Humberto Teixeira foi também fundador e presidente da Academia Brasileira de Música Popular. Além do grande sucesso com o baião, obteve êxito com composições em diversos ritmos, algumas feitas especialmente para filmes e espetáculos. Nos anos 1950, foi eleito três vezes seguidas o "melhor compositor nacional" pela Revista do Rádio, sendo recebido pelo presidente Getúlio Vargas.

Segunda, 05 de Janeiro de 2015 - Postado por Elismar Rodrigues

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