Em
Governador Valadares (MG), cidade mais afetada pela interrupção no
abastecimento de água depois que a lama proveniente do rompimento das
barragens em Mariana chegou ao Rio Doce, a população faz filas para
comprar água mineral e reclama da falta de uma solução para o problema.
A
cidade, que fica a 300 quilômetros do município onde as barragens se
romperam, tem 280 mil habitantes e a água precisou ser cortada após o
fluxo de lama com rejeitos de mineração atingir o rio, que é a principal
fonte de abastecimento local. O município decretou estado de calamidade
pública.
Moradora de Governador Valadares, a dona de casa Denise
Cruz comprou dez galões de água, cada um com 5 litros, para as
necessidades básicas da família. “Fiquei mais de duas horas esperando
para comprar. Tive muita sorte. Essa água vai dar apenas para beber e
cozinhar. A gente está sem rumo, sem saber quando vai ter água normal de
novo".
Com 65 anos, o aposentado José Monte sempre morou na
cidade. Para ele, Governador Valadares vive o pior o pior momento de sua
história. “Ninguém sabe quando a água vai voltar. Ninguém sabe o que
vai fazer”, afirma. “Todos nós fomos pegos de surpresa, apesar de muita
gente saber do rompimento das barragens. Mas a cidade não se preparou e
agora o jeito é estocar e usar apenas para o essencial”.
Nessa
quinta-feira (12), moradores protestaram contra a Vale, que junto com a
mineradora BHP controla a Samarco, responsável pelas barragens que se
romperam em Mariana. Eles bloquearam a linha férrea usada pela
mineradora, pedindo uma solução para a falta de abastecimento.
A
prefeitura de Governador Valadares informou que fez um projeto para
captar água de outros rios. Enquanto isso não ocorre, 38 caminhões-pipa
percorrem cidades da região, para encher os tanques, e retornam a
Valadares para, prioritariamente, abastecer hospitais e estabelecimentos
como escolas e creches.
A Samarco informou que enviou ao
município mais de 2,5 milhões litros de água para ajudar no
abastecimento, além de 13 mil litros de água potável, e que a partir de
hoje enviará 2,4 milhões de litros por dia.
Rio Doce
Segundo
o fotógrafo e ambientalista Leonardo Merçon, após a chegada da lama, a
água do Rio Doce “parece um achocolatado com cheiro de ferrugem”. Ele
coordena a organização não governamental Últimos Refúgios, que trabalha
com preservação do meio ambiente, e foi a Governador Valares ver e
fotografar a situação.
“É possível ver peixes morrendo
asfixiados, camarões indo para as pedras quentes para fugir da lama”,
disse. “Todos os seres vivos do Rio Doce que precisam da água para
respirar morreram”, acrescentou.
Segundo Merçon, muitos
moradores da região não têm a dimensão do que está ocorrendo. “As
pessoas estão comendo esses peixes mortos, que não se sabe se têm
doenças. Outros estão recolhendo para vender. Mas muita gente já reclama
que os peixes começam a ter mau cheiro e diz que a situação está
ficando insuportável. Ninguém sabe quando vai se normalizar”.
Espírito Santo
Neste
fim de semana, a lama deve interromper o abastecimento de água nas
cidades capixabas de Baixo Gandu e Colatina. “Nosso foco é Colatina, que
tem mais de 120 mil habitantes, Com a chegada da lama, todo o
abastecimento vai ser suspenso. A cidade fica incapacitada de captar
água no Rio Doce”, disse à Agência Brasil o secretário do Desenvolvimeto do estado, João Coser.
Segundo
ele, o governo trabalha com alternativas para ficar “semanas sem
abastecimento. Agora, queremos garantir abastecimento paras as pessoas.
Temos quantidade de carros para abastecimento. E vamos colocar algumas
caixas d'água em pontos da cidade”, acrescentou Coser.
Da Agência Brasil
Sexta-feira, 13 de novembros de 2015 – Postado por Elismar Rodrigues
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