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29 junho 2015

Coisas do Brasil: gíria da malandragem, pixuleco agora vira sinônimo de propina


Segundo o dicionário Houaiss, o sufixo "eco" funciona como diminutivo que adiciona quase sempre um valor depreciativo às palavras. A definição ajuda não só a entender a língua portuguesa, mas também a desvendar como a palavra "pixuleco" virou sinônimo de propina nos autos da Operação Lava Jato.

O radical da palavra não tem registro oficial, mas aparece na literatura brasileira como sinônimo de "dinheiro miúdo e roto". O escritor e jornalista João Antônio (1937-1996), que se notabilizou por retratar o cotidiano da malandragem, escreveu sobre o "pixulé" em diversas histórias.

"Comecei por baixo, como todo sofredor começa. Servindo para um, mais malandro, ganhar", diz um personagem em um de seus contos, que começa a vida como engraxate e termina assaltante.


O conto segue com a lembrança de um episódio em que o cliente se levanta e escorrega uma nota como pagamento. "Humilde, meio encolhido, eu recolhia a groja magra. Tudo pixulé, só caraminguás, nota de dois ou cinco cruzeiros. Mas eu levantava os olhos e agradecia."

O "pixuleco" da Lava Jato não é groja magra. Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, era assim que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto se referia à propina que recolhia das empresas que tinham contratos com a Petrobras.

Segundo Pessoa, sempre que sua empresa, a UTC, fechava um negócio com a estatal, Vaccari aparecia em seguida para buscar o "pixuleco", 1% sobre o valor do contrato. Vaccari teria recebido quase R$ 4 milhões em "pixulecos" de Pessoa, que fez acordo de delação premiada.

Na crônica recente da política brasileira, é frequente o uso de eufemismos para falar de propina. Pessoas que iam ao Banco Rural em Brasília buscar o dinheiro do mensalão petista se apresentavam dizendo que estavam ali para "pegar uma encomenda". O empresário Carlinhos Cachoeira chamava de "assistência social" os pagamentos que fazia a funcionários públicos.

Da Folha de São Paulo

Segunda, 29 de junho de 2015 – Postado por Elismar Rodrigues

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